sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Era uma vez...




Era uma vez um menina que adorava brincar à beira-mar, corria, fazia castelos de areia e maravilhava-se com a sensação da água nos seus pés... essa menina foi crescendo e cada vez se aventurando mais e mais no oceano, era maravilhoso sentir a água a percorrer o seu corpo.
Essa menina tornou-se mulher e nessa altura mergulhou no oceano sem medos e nadou, feliz e contente, não havia nada melhor... o mar estava calmo, o sol brilhava, ela estava em paz, nada podia correr mal... nada. De repente sem avisar o céu fechou-se sobre a sua cabeça, o azul do mar tornou-se negro e veio uma onda tão grande que a engoliu por completo... a força da água era tanta a puxá-la para o fundo que ela deixou-se ir sem resistir... ficou muito tempo no fundo, sem reacção, sem força para lutar, por vezes olhava para cima e via que o sol voltara a brilhar, a água estava mais limpa e transparente, mas deixou-se estar numa sensação aparente de paz, longe de tudo à sua volta.
Apareceram algumas estrelas do mar que lhe sussurravam ao ouvido para ela reagir e nadar para a superfície... passado um tempo abriu os olhos e sentiu que estas estrelas a puxavam para cima e deixou-se ir. Ao chegar à superfície, tomou consciência do que aconteceu e correu para a praia, para a areia seca e segura. Já se passou algum tempo e desde essa altura ela nunca mais se aproximou do mar, que está calmo e sereno, ela simplesmente não consegue, fica a contemplar o imenso oceano que a chama, com uma enorme vontade de voltar a mergulhar, de sentir a água salgada nos seus lábios, sentir o sol a aquecer-lhe o corpo, mas tem medo... quando o vento lhe traz o cheiro da maresia o seu coração ilumina-se e a vontade de arriscar é maior, mas algo a paralisa e a faz recuar... e vive assim no limiar da felicidade sem nunca chegar a conhecê-la realmente...
As estrelas do mar contam esta história entre elas e dizem que se olharmos com atenção para o fundo do mar o seu corpo ainda se encontra lá, inerte, sem reacção e que é apenas a sua alma que vagueia pela praia...

2 comentários:

Anónimo disse...

Considero-me uma estrela do mar, daquelas k ajudou a menina a voltar para a praia, para a areia seca e para o sol brilhante e quente.

Espero continuar a ajudá-la a ultrapassar a barreira que não a permite ser feliz a 100%... é natural ter medo, e ser dificil reagir durante um tempo, mas a vida continua, e só depende de nós próprios fazer com que ela valha a pena!!

Beijokas amiga e bom fds :)

Bruno Fehr disse...

Bonito conto, gostei em particular de:

"ficou muito tempo no fundo, sem reacção, sem força para lutar, por vezes olhava para cima e via que o sol voltara a brilhar, a água estava mais limpa e transparente, mas deixou-se estar numa sensação aparente de paz, longe de tudo à sua volta."

Identifiquei-me, com a descrição, o facto de não dever estar ali, mas a paz ser tão acolhedora que não queremos sair.